Segunda-feira, 22 de Agosto de 2005

Homenagem.................

tulipas.jpg
Para o Sexo a Expirar

Para o sexo a expirar, eu me volto, expirante.
Raiz de minha vida, em ti me enredo e afundo.
Amor, amor, amor - o braseiro radiante
que me dá, pelo orgasmo, a explicação do mundo.
Pobre carne senil, vibrando insatisfeita,
a minha se rebela ante a morte anunciada.
Quero sempre invadir essa vereda estreita
onde o gozo maior me propicia a amada.
Amanhã, nunca mais. Hoje mesmo, quem sabe?
enregela-se o nervo, esvai-se-me o prazer
antes que, deliciosa, a exploração acabe.
Pois que o espasmo coroe o instante do meu termo,
e assim possa eu partir, em plenitude o ser,
de sêmen aljofrando o irreparável ermo.

autor:
Carlos Drummond de Andrade
publicado por vagueando às 17:22
link | comentar | favorito
2 comentários:
De Anónimo a 23 de Agosto de 2005 às 17:09
... sem palavras... só beijosMaria Papoila
</a>
(mailto:msantosilva@sapo.pt)


De Anónimo a 22 de Agosto de 2005 às 18:37
Nada termina se o amor existe! Beijoeu
(http://hotmail.com)
(mailto:carmoroby@hotmail.com)


Comentar post