Domingo, 30 de Abril de 2006

...

O Medo do Amor
 

Medo de amar?

Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que
 enfrentar:

medo da violência,

medo da inadimplência,

e a não menos temida solidão,

que é o que nos faz buscar relacionamentos.
Mas absurdo ou não, o
medo de amar se instala entre
as nossas vértebras e a gente sabe por quê.

 O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba.

Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha,

o amor se encerra
 bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente
 porque não há mais interesse ou atracção,

sei lá,

vá saber o que interrompe um sentimento,

é mistério indecifrável.

Mas o amor termina, mal-agradecido, 

 termina, e termina só de um lado,
nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo,
desacelera um antes do outro,

 e vai um pouco de dor pra cada canto.

Dói em quem tomou a iniciativa de romper,

porque romper não é fácil,
 quebrar rotinas é sempre traumático.
Além do amor existe a amizade que permanece e a
presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem,

é fato de grande responsabilidade,

é uma ferida que se abre no corpo do outro,

no afecto do outro,

e em si próprio, ainda que com menos gravidade.

E ter o amor rejeitado,

nem se fala,

é fractura exposta,

definhamos em público,

encolhemos a alma,

quase desejamos uma violência qualquer vinda
da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido,

esse assalto em que nos roubaram tudo,

o amor e o que vem com ele,

confiança
e estabilidade.

Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo
perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.

Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia.

Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim.

Um novo amor? Nem pensar.

Medo, respondemos.
Que corajosos somos nós,

que apesar de um medo tão justificado,

amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que par  a sempre é impossível recusá-lo.

Martha Medeiros

 

publicado por vagueando às 07:54
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